

Aos 103 anos, Álvaro Marcial da Rocha, aposentado maquinista e veterano da Força Expedicionária Brasileira (FEB) na Segunda Guerra Mundial, é uma verdadeira memória viva da história do país. Morador de Corinto, cidade de 23 mil habitantes, ele atribui sua longevidade a um segredo simples: bons amigos, prosa de boteco e cerveja com moderação.
A entrevista foi realizada pela Rádio Itatiaia, mostrando a rotina animada e curiosa do veterano. “Tudo começa na sexta-feira. A gente bebe pouco, mas o que gosto mesmo é do boteco, da conversa boa com os amigos. Por isso, ficamos o dia todo”, conta Álvaro, que percorre os bares da cidade em uma espécie de ‘via sacra’ social. Mesmo nos dias em que se sente cansado, a companhia dos amigos e o bate-papo mantêm sua energia. “Toda hora passa um e diz: ‘vamos’. Aí fica o dia inteiro proseando, faz uma via sacra, porque, quando não está bom em um, a gente vai para outro. Só sexta, sábado, domingo e pouca coisa”, brinca.
Pai de oito filhos — seis ainda vivos, com idades entre 64 e 77 anos — Álvaro também é membro da maçonaria desde os 26 anos e detém o título de membro mais velho do país. Em sua casa, guarda mais de cem homenagens, incluindo convites para receber diplomas e reconhecimentos em Brasília, que prefere recusar. “Nunca pensei que fosse ficar esse tempo todo, porque naquela época éramos muito perseguidos. Aprendi muito com a maçonaria, principalmente a ser mais tolerante”, lembra.
Além da vida social, Álvaro é uma referência da história ferroviária no Brasil. Ele recorda com detalhes a transição das locomotivas a vapor, conhecidas como Maria-Fumaça, para as movidas a diesel e eletricidade. “Comecei em 1º de novembro de 1942 como graxeiro, depois passei a foguista. Em 1950 fiz concurso e me tornei maquinista”, conta.
Com uma vida marcada por histórias de guerra, maçonaria e ferrovia, Álvaro Marcial da Rocha prova que, para ele, a receita de uma vida longa não está nos livros de medicina, mas na amizade, na conversa e em uma boa cerveja compartilhada.





