

A Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) deu início ao Programa Estadual de Pesquisa em Cana-de-Açúcar e Cachaça de Alambique, que irá abranger aspectos agronômicos, tecnológicos, ambientais e produtivos, com foco em qualidade, produtividade, sustentabilidade e valorização da cachaça mineira.
A pesquisadora e professora da Epamig – Instituto Tecnológico de Agropecuária de Pitangui (ITAP), Ana Cláudia Silveira Alexandre, explica que o programa propõe uma abordagem integrada da cadeia produtiva — desde o cultivo da cana e o aperfeiçoamento do processo de fabricação até melhorias na qualidade físico-química e sensorial da bebida.
Segundo ela, as frentes de pesquisa incluem a seleção de cultivares adaptadas aos biomas mineiros, práticas de manejo mais eficientes e sustentáveis, além da bioprospecção de microrganismos e otimização dos processos fermentativos para padronização da cachaça. Estudos sobre envelhecimento em diferentes madeiras, tipos de barris e tempos de armazenamento também serão ampliados, com o objetivo de agregar valor sensorial e comercial.
Outro ponto destacado é a pesquisa voltada à identidade territorial das microrregiões mineiras, buscando diferenciar e valorizar os terroirs e incentivar a inovação e a diversificação de produtos derivados da cana.
Entre as ações previstas está a implantação do Alambique-Escola na Epamig ITAP, com etapas executivas programadas para 2026. A iniciativa, desenvolvida em parceria com a Emater-MG, atende a demandas apontadas pelo Diagnóstico Perfil dos Empreendimentos de Cachaça de Alambique de Minas Gerais – 2023, realizado pela Secretaria de Agricultura.
O levantamento, que ouviu 21% dos empreendimentos registrados no Estado, revelou que cerca de 40% deles não recebem nenhum tipo de assistência técnica — seja na produção da cana, seja na fabricação da bebida.
Para Ana Cláudia, os dados reforçam a importância de uma estrutura como o Alambique-Escola, que oferecerá suporte contínuo, capacitação prática e condições para elevar a qualidade da cachaça mineira. A pesquisa para o Diagnóstico 2025 já está disponível e pode ser respondida por meio de formulário.
Minas Gerais é o maior produtor de cachaça de alambique do país, mas ainda carece de informações detalhadas sobre volume total, perfil dos empreendimentos, mão de obra, assistência técnica e análises laboratoriais — lacunas que motivaram o estudo.
“O diagnóstico traz dados sobre produção, agroindústria, comercialização, tributação, mão de obra e plantio de cana. É um levantamento completo, que nos permite compreender toda a cadeia e orientar investimentos em políticas públicas alinhadas à realidade”, afirma Sandra Regina Carvalho dos Santos, diretora de Comercialização e Mercados da Seapa.
Fonte: Agência Minas





