

A possível transferência do serviço de cardiologia do Hospital Nossa Senhora das Graças (HNSG), em Sete Lagoas, para o Hospital Regional que está em construção na cidade mobilizou autoridades, profissionais de saúde e parlamentares. O tema foi debatido em audiência pública da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) nessa terça-feira (9), às 16h, no Plenarinho I.
Segundo Letícia Cota Freitas, referência técnica da Superintendência de Políticas de Atenção Hospitalar da Secretaria de Estado de Saúde (SES), o território de saúde que abrange Sete Lagoas e outros 33 municípios da Região Central “precisa repactuar” a oferta de cardiologia, garantindo, e até ampliando, o serviço já consolidado no HNSG. Ela reafirmou que o hospital possui grande competência em habilitações cardiovascular e intervencionista e defendeu diálogo com o município de Curvelo, que atualmente destina seus atendimentos cardiológicos para Belo Horizonte.
“Se Curvelo pactuar com Sete Lagoas, o HNSG ganha escala e ainda contribuímos para desafogar a Capital”, afirmou.
Representantes da SES reforçaram que não há intenção de encerrar serviços no HNSG. Rosana de Vasconcelos Parra, diretora de Atenção Hospitalar de Urgência e Emergência, assegurou que a unidade cumpre todos os parâmetros de alta complexidade. Já Ana Elisa Machado da Fonseca, coordenadora dos Hospitais Regionais, explicou que o futuro Hospital Regional da Macro Centro — previsto para 2026 — atuará de forma complementar ao HNSG, com 226 leitos, incluindo 40 de UTI.
Profissionais do HNSG destacaram a qualidade do serviço cardiológico. Antônio Bahia Neto, da equipe de Cardiologia, lembrou que o hospital resolve casos de infarto em 58 minutos — bem abaixo da recomendação internacional de até 90 minutos — e que 100% dos pacientes têm acesso ao cateterismo. “Temos uma ilha de excelência. Migrar esse serviço para o Hospital Regional, sem justificativa técnica, traria prejuízo enorme para a população”, alertou.
A diretora-geral, Lara Jamille Silva, reforçou que a cardiologia é referência para 23 municípios e anunciou a inauguração de dez novos leitos de UTI coronariana nesta quarta (10), somando-se aos 20 já existentes.
O vereador de Sete Lagoas e servidor do hospital, Deivison da Acolher (Solidariedade), fez um pronunciamento firme durante a audiência. Ele afirmou que os profissionais do HNSG não aceitariam ver pacientes morrerem por falta de atendimento qualificado caso o serviço fosse esvaziado ou transformado em uma estrutura paliativa.
“Os funcionários não iriam aceitar pacientes morrerem por falta de intervenção, na medida em que o serviço qualificado fosse transformado em atendimento paliativo”, disse Freitas.
Após ouvir as garantias da SES de que o serviço não seria fechado e que a intenção é fortalecer a rede, o vereador afirmou que sai da reunião “com a alma lavada”.
“O que ouvimos aqui é totalmente diferente do que ouvimos em Sete Lagoas. Vocês trazem a possibilidade real de fazermos uma nova repactuação da saúde. Saio daqui com a alma lavada”, declarou, visivelmente emocionado.
O deputado Arlen Santiago (Avante), presidente da Comissão de Saúde, comparou a transferência da cardiologia para o Hospital Regional a “vestir um santo para desvestir o outro”. Ele sugeriu que o HNSG receba outras especialidades cirúrgicas para ampliar sua demanda, e defendeu que a cardiologia seja atribuída integralmente ao hospital filantrópico.
Santiago anunciou novas agendas: uma audiência pública em Sete Lagoas e uma reunião com o secretário de Estado de Saúde, Fábio Bacheret.
Com informações de ALMG





