“Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção.”
— Paulo Freire
Profissionais da educação são, muitas vezes, associados à imagem de heróis — mas nem sempre lembrados como seres humanos que também sentem, cansam, choram e precisam de cuidado.
Existem aqueles que inspiram com entusiasmo, mesmo quando não têm forças para abrir um livro ao final do dia. Aqueles que acolhem os alunos com um sorriso, mesmo quando enfrentam dificuldades silenciosas. Profissionais que, mesmo esgotados, seguem firmes, porque acreditam no que fazem.
Durante muito tempo, a ideia de heroísmo esteve ligada à perfeição, à força constante, à ausência de falhas. Mas e se o verdadeiro herói fosse aquele que reconhece seus limites, que busca ajuda, que se permite parar? Heróis (quase) invisíveis, que vestem jalecos, seguram livros, limpam lágrimas e continuam ensinando, mesmo quando o mundo parece pesado demais.
Na cultura pop, figuras como o Homem-Aranha e a Professora McGonagall revelam o cansaço por trás da excelência. Mostram que até os personagens mais admirados enfrentam o desafio de equilibrar suas responsabilidades com o cuidado de si.
Assim também é na vida real. O desgaste emocional dos profissionais da educação nem sempre é visível, mas se manifesta no corpo, no humor, na paciência e no desejo de continuar. É por isso que reconhecer suas dores e oferecer escuta, apoio e valorização é urgente.
Como nos ensinou Paulo Freire, educar é um ato de coragem e afeto. É criar possibilidades — mesmo em meio ao cansaço, mesmo diante das dificuldades. O profissional da educação é agente de transformação não por ser incansável, mas por continuar apostando no futuro, por acreditar que seu trabalho pode transformar a vida de alguém.
Neste 06 de agosto, celebramos aqueles que fazem da educação um ato diário de resistência, sensibilidade e esperança. Que ensinam não apenas conteúdos, mas valores. Que, mesmo cansados, continuam presentes.
Talvez o verdadeiro herói da escola não precise de capa — apenas de reconhecimento, respeito e espaço para ser plenamente humano.
Homenagem ao Dia Nacional do Profissional da Educação, do Setelgoas.com.br escrita pelo Psicólogo Gustavo Carvalho.
Sobre o autor
Gustavo Carvalho é psicólogo clínico com atuação em saúde emocional na clínica e no contexto escolar. Especialista em Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT) e Terapias Comportamentais e Contextuais, estudante de neuropsicologia e apaixonado por cultura pop.
Instagram @gustavopsic.