De repente, o corpo se curva, o passo fica mais lento, as mãos tremem, a fala enfraquece e a memória recente começa a falhar. Esses sinais, muitas vezes atribuídos ao envelhecimento, podem ser sintomas da Doença de Parkinson — uma condição neurológica progressiva que atinge principalmente pessoas com mais de 60 anos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a doença é a segunda mais comum entre as neurodegenerativas, ficando atrás apenas do Alzheimer.
Estima-se que cerca de 1% da população com mais de 65 anos conviva com o Parkinson. No Brasil, esse número gira em torno de 200 mil pessoas diagnosticadas. Buscando entender como a doença interfere no sistema nervoso autônomo — responsável, entre outras funções, pelo controle da respiração e dos batimentos cardíacos — pesquisadores da Universidade Federal Fluminense (UFF) chegaram a uma descoberta promissora.
Um estudo conduzido pelo Departamento de Fisiologia e Farmacologia da UFF revelou que um treinamento simples de músculos inspiratórios, realizado em casa, pode melhorar significativamente a função autonômica cardíaca de pacientes com Parkinson. O artigo foi publicado no último dia 21 de julho, no periódico Autonomic Neuroscience: Basic and Clinical, da editora Elsevier.
“O sistema nervoso autônomo é profundamente afetado no Parkinson, e isso impacta diretamente a saúde cardiovascular. Nosso objetivo era entender se o corpo ainda poderia responder positivamente a estímulos, mesmo em meio à degeneração. E a resposta foi sim: a respiração, quando treinada corretamente, pode ajudar o coração”, explica o pesquisador responsável pelo estudo.
A pesquisa abre caminhos para abordagens terapêuticas não invasivas, de baixo custo e que podem ser realizadas fora do ambiente hospitalar, contribuindo para a qualidade de vida dos pacientes.