

As fundações privadas e associações sem fins lucrativos pagaram, em 2023, salários médios superiores aos das empresas privadas, segundo levantamento divulgado nesta quinta-feira (18) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com os dados, os trabalhadores dessas instituições receberam, em média, R$ 3.630,71, o equivalente a 2,8 salários mínimos. No mesmo período, o setor empresarial pagou, em média, 2,5 salários mínimos. O valor médio do salário mínimo em 2023 foi de R$ 1.314,46.
Apesar do desempenho superior em relação às empresas privadas, tanto as fundações e associações quanto o setor empresarial ficaram abaixo da administração pública, que apresentou remuneração média de quatro salários mínimos.
Os dados fazem parte de um estudo que traça uma radiografia das fundações privadas e associações sem fins lucrativos (Fasfil) no Brasil, com base em informações do Cadastro Central de Empresas (Cempre) do IBGE. O levantamento é realizado desde 2002, mas, devido a mudanças metodológicas, os números de 2023 só podem ser comparados aos de 2022.
O IBGE classifica como Fasfil as associações comunitárias, fundações privadas, entidades religiosas e instituições educacionais e de saúde sem fins lucrativos. Ficam de fora desse universo organizações como sindicatos, partidos políticos, condomínios e órgãos paraestatais, como o Sistema S, que integram outro grupo denominado entidades sem fins lucrativos.
Entre 2022 e 2023, o número de fundações privadas e associações sem fins lucrativos cresceu 4%, passando de 573,3 mil para 596,3 mil. Esse total representa cerca de 5% das 11,3 milhões de organizações existentes no país, que incluem empresas e órgãos da administração pública.
Essas instituições empregavam 2,7 milhões de pessoas, o equivalente a 5,1% do total de trabalhadores do Brasil, e foram responsáveis por 5% da massa salarial do país.
O levantamento também apresentou um ranking da remuneração média em salários mínimos. A administração pública lidera, com 4 salários mínimos, seguida pelas fundações privadas e associações sem fins lucrativos, com 2,8 salários mínimos. Na sequência aparecem as entidades sem fins lucrativos (2,6), as entidades empresariais (2,5) e, por fim, a média geral dos trabalhadores, também em 2,8 salários mínimos.
O estudo aponta que 35,3% das fundações privadas e associações sem fins lucrativos são entidades religiosas, totalizando 210,7 mil organizações. Em seguida aparecem os segmentos de cultura e recreação (89,5 mil), desenvolvimento e defesa de direitos (80,3 mil), associações patronais e profissionais (69,5 mil), assistência social (54 mil) e educação e pesquisa (28,9 mil). Áreas como habitação, meio ambiente e proteção animal apresentam menor representatividade.
Do total de trabalhadores dessas instituições, 41,2% atuam na área da saúde, principal empregadora do setor, com 1,1 milhão de pessoas. A área de educação e pesquisa concentra 27,7% dos empregados, seguida pela assistência social, com 12,7%.
As mulheres representam 68,9% dos trabalhadores assalariados nas fundações privadas e associações sem fins lucrativos, percentual bem superior à média geral do mercado de trabalho, onde elas correspondem a 45,5% dos empregados. Na educação infantil, a presença feminina é ainda mais expressiva, chegando a 91,7% dos trabalhadores. Ainda assim, o IBGE identificou que as mulheres recebem, em média, 19% menos que os homens nesse setor.
Para o coordenador de Cadastros e Classificações do IBGE, Francisco Marta, os dados evidenciam a relevância econômica e social das fundações e associações sem fins lucrativos no país. Segundo ele, essas instituições complementam as ações do poder público em áreas como saúde, educação, assistência social, defesa de direitos e meio ambiente, contribuindo de forma significativa para a geração de riqueza no Brasil.
De acordo com o levantamento, as fundações privadas e associações sem fins lucrativos tinham, em média, 4,5 empregados. No entanto, 85,6% delas não possuíam nenhum empregado formal, enquanto apenas 0,7% contavam com 100 ou mais funcionários.
As maiores estruturas de pessoal foram identificadas em hospitais, com média de 269,7 assalariados, seguidos por instituições da área da saúde (132,5), ensino superior (73,9) e ensino médio (73,8). Na outra ponta do ranking estão as entidades religiosas, com média de apenas 0,6 empregado formal.
Fonte: O Tempo





