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Por que as pessoas mudam tanto de aparência; o que está por trás disso

Recorrer a procedimentos estéticos de forma constante, como Anitta vem fazendo, pode representar a busca de uma padronização

Redação
Por: Redação
23/07/2025 às 07h38
 Por que as pessoas mudam tanto de aparência; o que está por trás disso
Procedimentos como lifting facial, bichectomia e rinoplastia ganham destaque/Foto: Arquivo Pessoal/Anita

Uma série de procedimentos estéticos realizados por uma cantora brasileira – incluindo lifting facial, cirurgia no lábio superior, enxerto de gordura, afinamento do rosto e outros – reacendeu o debate sobre os limites entre liberdade estética e a imposição silenciosa dos padrões de beleza.

Para o psicólogo Cláudio Paixão, professor do curso de Ciência da Informação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), muitas dessas mudanças partem de uma insatisfação com o próprio corpo. Mas ele levanta uma reflexão importante: essa insatisfação seria fruto de uma percepção íntima ou do confronto com padrões estéticos impostos?

“Há uma tendência mundial de buscar características de celebridades – como a boca da Angelina Jolie, o rosto da Juliette ou detalhes de outras figuras públicas. Embora o discurso atual enfatize autenticidade e liberdade individual, paradoxalmente vivemos sob forte pressão para atender a padrões que não são naturais”, afirma Paixão.

O especialista cita um estudo britânico com 137 jovens adultos, que mostrou uma correlação direta entre a admiração por celebridades e a realização de cirurgias plásticas. Quanto maior a identificação com os ídolos, maior a propensão a intervenções estéticas.

As redes sociais, segundo o psicólogo, são uma extensão dessa padronização. “Como usuário recente de aplicativo de namoro, percebi perfis em que todas as fotos passavam por filtros pesados, que transformavam o rosto em algo quase bidimensional. É como se as pessoas já não reconhecessem o próprio rosto real”.

Paixão explica que, em muitos casos, há uma tendência de aderir ao “espírito da época”. “As pessoas querem ser diferentes, mas não muito. Buscam uma diferenciação segura, dentro de um padrão previamente aceito”, avalia. Esse fenômeno, segundo ele, está ligado ao conceito de “comparação social ascendente”, em que indivíduos se medem constantemente por meio de figuras idealizadas, como influenciadores e celebridades.

Dessa forma, o livre-arbítrio estético torna-se relativo. “As decisões que tomamos vêm de um repertório que nos é apresentado. É como se nos dessem uma paleta de cores pré-definida para pintarmos nossos quadros. Está longe de ser uma liberdade plena – e ainda mais distante de ser neutra”.

Contudo, o psicólogo destaca que as intervenções podem, sim, ser saudáveis. “Quando a mudança na aparência está alinhada à identidade e estilo de vida, o impacto psicológico tende a ser positivo. É comum que pessoas se reinventem após eventos marcantes, como uma separação, uma morte ou uma nova fase profissional. Isso pode ser simbólico e benéfico”.

O alerta está na adoção desenfreada de procedimentos em massa, sem conexão real com o autoconhecimento. “O problema é quando há um movimento de ‘manada’, onde todos seguem uma mesma direção estética, sem refletir sobre sua própria identidade. A cirurgia, nesse contexto, pode ser apenas uma resposta à demanda de mercado – e não uma construção simbólica ou emocional.”

Entre os procedimentos realizados pela artista, estão:

  • Plasma Rico em Plaquetas (PRP): rejuvenescimento com o uso do próprio sangue

  • Rinoplastia: afinamento e definição do nariz

  • Preenchimento labial: aumento do volume dos lábios

  • Preenchimento facial: realce de maçãs do rosto e definição da mandíbula

  • Bichectomia: remoção de gordura das bochechas

  • Lifting de sobrancelhas: arqueamento e elevação do olhar

  • Botox: suavização de linhas de expressão

  • Lentes de contato dentais: melhoria na estética do sorriso

  • Remoção de veia saliente na testa: realizada a laser

Segundo Paixão, as cirurgias estéticas não devem ser vilanizadas, mas sim compreendidas dentro de um processo mais amplo de identidade e maturidade. “Quando há ética por parte do profissional e autoconhecimento por parte do paciente, a cirurgia pode ser uma ferramenta de reconstrução. O risco está em buscar mudanças constantes apenas para atender a expectativas externas”.

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